Veremos em que dá...

Blog pessoal de Lucio Baena de Melo.

Li hoje que milhares de blogs são criados diariamente e não duram mais que 6 meses.

EIS MAIS UM FORTE CANDIDATO!

Tentarei escrever aqui alguns pensamentos, comentários sobre o dia a dia que se vive embaixo do sol...

Este foi o primeiro post e o deixarei aqui pois explica o título do blog: Um Peregrino.
Por que "Um Peregrino?"

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Kuplic

Kuplic

Para Alexandre, meu amado filho.

         
    VOCÊ era um bebê lindo. Lindo, maravilhoso e fofinho. Não que nestes 11 anos bebê não o seja mais. Sempre será meu filhote querido e amado do pai, meu amigão e companheiro de tantas aventuras, filmes, seriados e leituras. Eu sei que você não gosta que eu diga, mas não resisto: sempre será o meu bebezão!

Uma vez, retornando numa noite da casa de seus avôs, você estava no “bebê conforto” no banco de trás do carro. Eu me dividia entre estar atento ao volante e vigiar você pelo retrovisor. De repente eu ouvi uma palavra estranha e diferente: “Kuplic, kuplic.”

Mantive meu olhar direcionado a você e continuava: “Kuplic, kuplic”. Eu disse: “O que você está dizendo, meu filho? ”

Você, ao ouvir minha voz deu um belo e largo sorriso e não parava de dizer aquele mágico vocábulo que nos entretinha, como se cada pronúncia fosse uma nova descoberta: “Kuplic, kuplic.” Antes você estava naquela fase que os pediatras chamam de “lalação”. Agora não, você emitia uma palavra mais articulada.

Coração de pai é bobo mesmo. Eu me encantava e me deleitava com esta tua nova descoberta. Você permaneceu alguns minutos dizendo “Kuplic, kuplic”. E eu ria junto.

Você estava curioso com o novo som que eclodia de teus lábios? Esse era o motivo de você repetir sem parar essas palavras? Era a visão que tinha do passeio através da janela do carro e queria me contar algo que viu?  Seriam as casas e carros que pareciam novos ao teu mundo? Ou você repetia estes vocábulos sem parar já que via a cara apaixonada de teu pai ao apreciar esta tua adorável manifestação...

Você sabe, meu filho, quantas vezes eu te disse que essa foi a primeira e misteriosa palavra que você emitiu. E sabe as inúmeras vezes que te olhei e disse: Kuplic, kuplic”.

Ainda hoje, sempre quando pronunciamos, sem saber a tradução desse dialeto do amor, olhamo-nos e caímos em gargalhadas.

Que palavra misteriosa e poderosa é essa, meu filho? O apóstolo Paulo narra em sua carta à igreja de Corinto: “ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se eu não tiver amor, nada seria...” Terá este teu vocábulo alguma analogia com a língua dos anjos, já que você sempre foi meu pequeno anjo que trouxe um pedacinho do céu pra nossa casa?

Logo mais de seus lábios eu ouviria outra palavra: “Papai”. Esta foi uma das maiores alegrias que Deus me permitiu nesta vida. Ser teu pai. Ver você crescer e ter seus gostos e vontades, tua individualidade, tuas leituras e já as incipientes dorezinhas no peito que surgem quando o coração bate mais forte ante as princesas de teu reino. Pensa que não percebo?

Tenho saudades de muitas de suas horas. Àquelas que remontam dores, não. Mas o resto, sim. Desde aquela madrugada que te peguei no colo, no Centro Obstétrico - quando guiada pelo Altíssimo a Dra. Marlene facilitou tua trajetória a este mundo e o “tio” Vinícius ministrou os primeiros cuidados – até hoje cedo quando te tirei da cama pra ir à escola. Tenho saudades de cada momento, meu filho. De tuas primeiras palavras, de quando pedia pra mim o “pilito” em vez do pirulito, do “cuco de luva” (que era teu sagrado suquinho que a vovó preparava pra você) e do terrível medo que tinha do grande e cruel “caminoto” (que era um pequenino gafanhoto que te visitava da janela).

É uma dádiva de Deus estar com você todos os dias, meu filho. Viveria novamente cada minuto que vivi por ti.

Que teu trilhar seja de alegrias, vitórias e esperanças. Haverá momentos difíceis, meu filho. Mas creio em Deus que permitirá e fará crescer em ti caráter altivo e combativo. Aprenda com as dores e derrotas. Aprenda, sobretudo, aprenda!

Creia no Onipotente Deus, meu filho, e empregue tuas habilidades à prática do bem e à glória de Seu Santo Nome.

Foge do elogio e agrado fáceis. Cultive amizades e esparge o bem, meu filho.

Brinque bastante. Estude mais ainda.

Ame e seja amado. E queira Deus que encontre uma mulher com que possa compartilhar os anos de tua juventude e maturidade, e ser feliz. Ter alguém ao lado é uma dádiva do Eterno. Esta graça recebo diariamente ao conviver com tua mãe e com vocês dois, Laura e Alexandre.

Como narra o Sagrado Livro, “que as palavras de teus lábios e o meditar de teu coração sejam agradáveis na Tua presença, Senhor Rocha minha e Redentor meu”.

E sempre, meu filho, quando você tiver alguma dificuldade, inquietação, algum medo ou quiser compartilhar alguma conquista neste vale de lágrimas, olhe pra mim e diga ou balbucie: “Kuplic, kuplic”. Eu saberei que este é nosso código secreto, a senha mágica de um dialeto baseado no mais puro amor e que nos manterá unidos para sempre.


Kuplic, kuplic!

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