Aos Residentes Clínica Médica - MEDUEL 2020/21
Queridos colegas.
Não me sinto capaz de vos chamar alunos ou ex-alunos. Logo eu, que tão pouco tenho a oferecer e que, mais recebo do que oferto. Enfim, me dirijo a vós, meus queridos amigos e colegas. Soa melhor e é mais justo à minha pequenez.
Não tive a oportunidade de estar convosco na festa de despedida e tampouco os vi para dar um carinhoso e já saudoso abraço a cada um de vós.
Apenas gostaria de dizer da importância do trabalho exercido em nossa instituição. Ela inexiste sem o suor, força, lágrimas e até porque não dizer eventual ódio oriundo da carga de trabalho. Sois o cérebro e a máquina de nossa casa. Quem esperaria uma pandemia? Tempos difíceis.
Em meio algumas intempéries e a uma carga de trabalho cansativa sois vencedores. É através do fogo que se forja o aço.
Aprendi de cada um de vós. Desde as escórias nitrogenadas de um, à imensa bondade de outros e até porque não dizer da braveza de algumas das meninas... Sois espetaculares. Como me é boa essa convivência. Como eu aprendo, como eu cresço e como isso de alguma forma me mantém mais jovem. Se é que possa ser possível eu parecer mais jovem.
Cada um seguireis um passo, um novo caminho.
O que peço é: por mais penoso ou honroso, jamais esqueçais da casa que frequentastes. Com todos os erros e acertos ela deverá em algum momento ser valorizada no relicário de vossas memórias. Ela faz parte de vossas vidas. Jamais a esqueçais.
E se um dia, algum de vós, num momento de fraqueza, achardes que sou digno de ocupar vosso pensamento eu estarei aqui, como o menor de todos, com poucos e mínimos talentos, a vos servir.
Deixo-vos um poema de Carlos Drummond de Andrade.
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
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