Bandana Laranja
Subsídios de sua história
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PEDIDO dos
alunos da Atlética de nossa MEDICINA UEL – A GLORIOSA, faço alguns
apontamentos sobre a origem e significado da bandana laranja. Não é um levantamento
histórico profundo. São algumas informações que coletei aqui e acolá, que servirão
de subsídios àqueles que se aventuraram a escrever sobre os “causos” de nossa
querida Gloriosa.
Para
quem está chegando e desconhece facetas de nosso curso o que ocorre é o
seguinte: o aluno aprovado no curso de Medicina da UEL recebe uma bandana
laranja e nela é grafado um apelido. Além do apelido e do número de sua Turma, está
impresso o símbolo mor de nosso curso de Medicina da UEL: o Dr. Perobal. O
ingressante deverá usar esta peça de vestuário até dia 13 de maio, quando
ocorrerá sua “libertação”, já que é o Dia da Abolição da Escravatura. Isso tem
gerado conflitos em alguns calouros. A comparação de ser calouro com
escravidão e outras questões acabam por surgir. Realmente não se pode (e
nem se deve) comparar uma coisa à outra. No entanto, vejo pelo lado festivo e comemorativo
do evento, ou seja, a marca de se vencer a etapa do vestibular em uma escola pública, que qualidade, e em um dos cursos mais difíceis: o de Medicina . Quantos não se dedicaram anos de estudo para vencer o concorrido
vestibular e sem sentem honrados de vestir algo que simbolize ser membro da
Gloriosa? Se em minha época existisse a bandana, eu a usaria com orgulho. Devo
estar envelhecendo rápido. Soube que alguns recém-chegados à casa se recusam a
usá-la, pois indica submissão e subserviência. Sinal dos tempos. Ah! Vão arrumar coisa melhora para
se fazer! Vão!
Então
vamos lá:
Quando
fui aceito pela Gloriosa não havia o uso da bandana. Em nosso trote (naqueles
idos havia trote) recebíamos um avental, uma bata. Guardo-a aqui como símbolo de uma conquista. Não havia nada mais que identificasse os
alunos como estudantes da MEDUEL. Assim, era comum que já no início das aulas, as turmas bolassem um desenho para que se confeccionasse a camiseta de sua
Turma. Em minha Turma (XLIV, que ingressou em agosto de 1991) o desenhista da
camiseta foi meu querido colega Fernando Massaki Mashima. Cada Turma elaborava
sua camiseta e se usava como troféu da conquista.
O
símbolo do curso de Medicina da UEL por tradição sempre foi (e ainda é) o Dr.
Perobal. Sobre este tema pretendo
escrever um texto mais completo sobre nosso querido e saudoso aluno da
Gloriosa, Sérgio Russo (médico, desenhista, músico, artista-plástico, membro
da Turma V e formado pela VI). Coube a Sérgio Russo (1952-2010) a criação do
Dr. Perobal, seu alter-ego, no início dos anos 70. Curiosamente, quando Sérgio
criou o redonducho Dr. Perobal, ele era magro. Com o tempo, o criador acabou
por se assemelhar à criatura. A história de nosso curso está ligada à criação
do Dr. Perobal, e consequentemente a seu criador, Dr. Sérgio Russo. Que sua
memória seja eternizada. Em breve escreverei sobre ele.
Em
2001, quando a Turma LV iniciava seus estudos, alguns alunos decidiram para o trote de seus
calouros criar uma vestimenta, uma marca, que pudesse identificar os calouros da
Gloriosa. Conta-nos o membro da Turma LV, o neurocirurgião e Professor de nossa
casa, o Dr. Adriano Torres Antonucci, que a decisão caiu sobre a Bandana
Laranja. E nessa bandana, como mencionado acima, era grafado o apelido do
aluno, o número de sua Turma e o Dr. Perobal. Cada aluno recebia a bandana, um
apadrinhamento (alguns se tornaram posteriormente em casamento, por exemplo:
Francisco da LXII e Milena LXIII) e um apelido. Alguns apelidos eram honrosos, outros nem
tanto. Quando escrevo aluno, refiro-me a alunos e alunas; escrevo ainda com a mente do
século passado.
Pela
tradição, a bandana deveria ser usada até 13 de maio, data da Abolição da
Escravatura. Não quero questionar a data, se a escolha é válida ou não. Fato é
que se criou uma tradição, uma identidade afetiva aos nossos alunos. Tem sido
honroso aos calouros portar o símbolo desta vitória. E que não deve ser
abandonada ou esquecida. Não recebi bandana pois não havia à época. No entanto,
quando fui Patrono da Turma LXII e Nome de Turma da LXIII consegui uma bandana e
honrosamente a portei como no bolso de paletó como um lenço.
Por
que cor laranja? Não sei. Há hipóteses. Uma delas é que seja oriunda da cor do
Dr. Perobal, que era laranja. É possível e faz sentido à cronologia da
história. Outra versão, mais romantizada, é que nas Intermeds da vida um grande
nadador da Gloriosa era o Marquezine, hoje mais conhecido como Prof. Dr. Guilherme
Figueiredo Marquezine (Turma XLVII, atual Professor da Gloriosa, irmão do Henrique
da Turma LIII, ambos filhos do Francisco Jose Marquezine, da Turma II).
Guilherme Marquezine, reza o credo, era bom nadador, ganhava muitas competições
e sempre usava uma touca de natação de cor laranja. E seria um dos motivos da
Bandana ser laranja... Qual seria a história real? Talvez uma mistura das duas.
Anos
após a Turma LVIII instituiria outro apetrecho nos calouros: uma gigante bola
laranja, o Bolão. O aluno, além de portar a bandana laranja, deveria doravante
carregar um bolão gigante laranja. Os rumores versam sobre fazer pilhéria, infernizar a vida do calouro com um treco gigante. Mas, como há gente estúpida em todos
os cantos do mundo, veteranos de outros cursos determinaram que um dos
objetivos dos calouros era roubar o bolão laranja dos alunos da medicina. Certa
feita, um imbecil usou de um canivete para estourar o bolão de uma garota da
Medicina. Ninguém se feriu, mas viu-se o quão estúpido podem ser alguns
comportamentos. Após alguns encontros entre docentes e alunos decidiu-se por bem aposentar o bolão. Será que lembraram os alunos dos outros cursos deixarem de portar canivete? Apesar de tudo, a bandana segue firme.
Enfim, eis um resumo do histórico da Bandana Laranja, símbolo de uma grande e inesquecível conquista, que cada calouro deveria utilizar pois simboliza uma grande vitória em sua vida, além de adentrar ao seleto grupo de membros da Gloriosa, em honra e tradição à sua história.
Agradeço
depoimentos de Issao Udihara (Turma V) Adriano Torres Antonucci (Turma LV),
Letícia Campos Barbosa (Turma LIX), José Eduardo Colla da Silva (Turma LVIII) e
Teresa Russo (esposa de Sérgio Russo – Turma 5 e 6).
Lucio
Baena de Melo (Turma XLIV).
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