Veremos em que dá...

Blog pessoal de Lucio Baena de Melo.

Li hoje que milhares de blogs são criados diariamente e não duram mais que 6 meses.

EIS MAIS UM FORTE CANDIDATO!

Tentarei escrever aqui alguns pensamentos, comentários sobre o dia a dia que se vive embaixo do sol...

Este foi o primeiro post e o deixarei aqui pois explica o título do blog: Um Peregrino.
Por que "Um Peregrino?"

domingo, 13 de março de 2022

BANDANA LARANJA - subsídios para a História da MEDUEL - A Gloriosa.

 

Bandana Laranja

Subsídios de sua história


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  PEDIDO dos alunos da Atlética de nossa MEDICINA UEL – A GLORIOSA, faço alguns apontamentos sobre a origem e significado da bandana laranja. Não é um levantamento histórico profundo. São algumas informações que coletei aqui e acolá, que servirão de subsídios àqueles que se aventuraram a escrever sobre os “causos” de nossa querida Gloriosa.

Para quem está chegando e desconhece facetas de nosso curso o que ocorre é o seguinte: o aluno aprovado no curso de Medicina da UEL recebe uma bandana laranja e nela é grafado um apelido. Além do apelido e do número de sua Turma, está impresso o símbolo mor de nosso curso de Medicina da UEL: o Dr. Perobal. O ingressante deverá usar esta peça de vestuário até dia 13 de maio, quando ocorrerá sua “libertação”, já que é o Dia da Abolição da Escravatura. Isso tem gerado conflitos em alguns calouros. A comparação de ser calouro com escravidão e outras questões acabam por surgir. Realmente não se pode (e nem se deve) comparar uma coisa à outra. No entanto, vejo pelo lado festivo e comemorativo do evento, ou seja, a marca de se vencer a etapa do vestibular em uma escola pública, que qualidade, e em um dos cursos mais difíceis: o de Medicina . Quantos não se dedicaram anos de estudo para vencer o concorrido vestibular e sem sentem honrados de vestir algo que simbolize ser membro da Gloriosa? Se em minha época existisse a bandana, eu a usaria com orgulho. Devo estar envelhecendo rápido. Soube que alguns recém-chegados à casa se recusam a usá-la, pois indica submissão e subserviência. Sinal dos tempos. Ah! Vão arrumar coisa melhora para se fazer! Vão!



Então vamos lá:

Quando fui aceito pela Gloriosa não havia o uso da bandana. Em nosso trote (naqueles idos havia trote) recebíamos um avental, uma bata. Guardo-a aqui como símbolo de uma conquista. Não havia nada mais que identificasse os alunos como estudantes da MEDUEL. Assim, era comum que já no início das aulas, as turmas bolassem um desenho para que se confeccionasse a camiseta de sua Turma. Em minha Turma (XLIV, que ingressou em agosto de 1991) o desenhista da camiseta foi meu querido colega Fernando Massaki Mashima. Cada Turma elaborava sua camiseta e se usava como troféu da conquista.

O símbolo do curso de Medicina da UEL por tradição sempre foi (e ainda é) o Dr. Perobal.  Sobre este tema pretendo escrever um texto mais completo sobre nosso querido e saudoso aluno da Gloriosa, Sérgio Russo (médico, desenhista, músico, artista-plástico, membro da Turma V e formado pela VI). Coube a Sérgio Russo (1952-2010) a criação do Dr. Perobal, seu alter-ego, no início dos anos 70. Curiosamente, quando Sérgio criou o redonducho Dr. Perobal, ele era magro. Com o tempo, o criador acabou por se assemelhar à criatura. A história de nosso curso está ligada à criação do Dr. Perobal, e consequentemente a seu criador, Dr. Sérgio Russo. Que sua memória seja eternizada. Em breve escreverei sobre ele. 

Em 2001, quando a Turma LV iniciava seus estudos, alguns alunos decidiram para o trote de seus calouros criar  uma vestimenta, uma marca, que pudesse identificar os calouros da Gloriosa. Conta-nos o membro da Turma LV, o neurocirurgião e Professor de nossa casa, o Dr. Adriano Torres Antonucci, que a decisão caiu sobre a Bandana Laranja. E nessa bandana, como mencionado acima, era grafado o apelido do aluno, o número de sua Turma e o Dr. Perobal. Cada aluno recebia a bandana, um apadrinhamento (alguns se tornaram posteriormente em casamento, por exemplo: Francisco da LXII e Milena LXIII) e um apelido. Alguns apelidos eram honrosos, outros nem tanto. Quando escrevo aluno, refiro-me a alunos e alunas; escrevo ainda com a mente do século passado.

Pela tradição, a bandana deveria ser usada até 13 de maio, data da Abolição da Escravatura. Não quero questionar a data, se a escolha é válida ou não. Fato é que se criou uma tradição, uma identidade afetiva aos nossos alunos. Tem sido honroso aos calouros portar o símbolo desta vitória. E que não deve ser abandonada ou esquecida. Não recebi bandana pois não havia à época. No entanto, quando fui Patrono da Turma LXII e Nome de Turma da LXIII consegui uma bandana e honrosamente a portei como no bolso de paletó como um lenço.

Por que cor laranja? Não sei. Há hipóteses. Uma delas é que seja oriunda da cor do Dr. Perobal, que era laranja. É possível e faz sentido à cronologia da história. Outra versão, mais romantizada, é que nas Intermeds da vida um grande nadador da Gloriosa era o Marquezine, hoje mais conhecido como Prof. Dr. Guilherme Figueiredo Marquezine (Turma XLVII, atual Professor da Gloriosa, irmão do Henrique da Turma LIII, ambos filhos do Francisco Jose Marquezine, da Turma II). Guilherme Marquezine, reza o credo, era bom nadador, ganhava muitas competições e sempre usava uma touca de natação de cor laranja. E seria um dos motivos da Bandana ser laranja... Qual seria a história real? Talvez uma mistura das duas.

Anos após a Turma LVIII instituiria outro apetrecho nos calouros: uma gigante bola laranja, o Bolão. O aluno, além de portar a bandana laranja, deveria doravante carregar um bolão gigante laranja. Os rumores versam sobre fazer pilhéria, infernizar a vida do calouro com um treco gigante.  Mas, como há gente estúpida em todos os cantos do mundo, veteranos de outros cursos determinaram que um dos objetivos dos calouros era roubar o bolão laranja dos alunos da medicina. Certa feita, um imbecil usou de um canivete para estourar o bolão de uma garota da Medicina. Ninguém se feriu, mas viu-se o quão estúpido podem ser alguns comportamentos. Após alguns encontros entre docentes e alunos decidiu-se por bem aposentar o bolão. Será que lembraram os alunos dos outros cursos deixarem de portar canivete?  Apesar de tudo, a bandana segue firme.



Enfim, eis um resumo do histórico da Bandana Laranja, símbolo de uma grande e inesquecível conquista, que cada calouro deveria utilizar pois simboliza uma grande vitória em sua vida, além de adentrar ao seleto grupo de membros da Gloriosa, em honra e tradição à sua história.

 

Agradeço depoimentos de Issao Udihara (Turma V) Adriano Torres Antonucci (Turma LV), Letícia Campos Barbosa (Turma LIX), José Eduardo Colla da Silva (Turma LVIII) e Teresa Russo (esposa de Sérgio Russo – Turma 5 e 6).

 

 

Lucio Baena de Melo (Turma XLIV).

terça-feira, 1 de março de 2022

Residentes da Clínica Médica - MEDUEL 2020/21

Aos Residentes Clínica Médica - MEDUEL 2020/21


    Queridos colegas.
    Não me sinto capaz de vos chamar alunos ou ex-alunos. Logo eu, que tão pouco tenho a oferecer e que, mais recebo do que oferto. Enfim,  me dirijo a vós, meus queridos amigos e colegas. Soa melhor e é mais justo à minha pequenez. 
    Não tive a oportunidade de estar convosco na festa de despedida e tampouco os vi para dar um carinhoso e já saudoso abraço a cada um de vós. 
    Apenas gostaria de dizer da importância do trabalho exercido em nossa instituição.  Ela inexiste sem o suor, força, lágrimas  e até porque não dizer eventual ódio oriundo da carga de trabalho. Sois o cérebro e a máquina de nossa casa. Quem esperaria uma pandemia? Tempos difíceis. 
    Em meio algumas intempéries e a uma carga de trabalho cansativa  sois vencedores.  É através do fogo que se forja o aço.  
    Aprendi de cada um de vós. Desde as escórias nitrogenadas de um, à imensa bondade de outros e até porque não dizer da braveza de algumas das meninas... Sois espetaculares.  Como me é boa essa convivência. Como eu aprendo, como eu cresço e como isso de alguma forma me mantém mais jovem.  Se é que possa ser possível eu parecer mais jovem. 
    Cada um seguireis um passo, um novo caminho.
    O que peço é: por mais penoso ou honroso, jamais esqueçais da casa que frequentastes. Com todos os erros e acertos ela deverá em algum momento ser valorizada no relicário de vossas memórias. Ela faz parte de vossas vidas. Jamais a esqueçais.
    E se um dia, algum de vós, num momento de fraqueza, achardes que sou digno de ocupar vosso pensamento eu estarei aqui, como o menor de todos, com poucos e mínimos talentos, a vos servir.
    Deixo-vos um poema de Carlos Drummond de Andrade.

 

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.


Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Com saudade e carinho se sempre,

L.