Luiz Carlos Jeolás - 30 anos sem o mestre.
No dia 27 de dezembro de 1990 o mestre se despedia do plano terreno, findara sua missão.
Não tive oportunidade de conhecê-lo. Ele faleceu em 1990 e eu só receberia o batismo com sangue laranja em 1991, ou melhor, me tornaria aluno da Medicina UEL - A Gloriosa.
O pouco que sei eu ouvi de meus antigos mestres e alguns de seus ex-alunos, além da biografia escrita pelo José Pedriali, imperdível leitura aos interessados na história da Gloriosa. O título da obra é O Encantador Jeolás .
Era pneumologista e cirurgião torácico.
Em meados dos anos 70 iniciou-se na arte da pintura. Alguns de meus professores (amigos de Jeolás) ostentam orgulhosamente suas telas em suas casas e/ou ambiente de trabalho.
Impossível não me recordar de São Lucas, o padroeiro da Medicina. Lucas era médico e a tradição o coloca como pintor.
Eurico Branco Ribeiro, médico e escritor, publicou 4 volumes sobre a vida de São Lucas. A obra (atualmente esgotada) se chama Médico, Pintor e Santo.
Ao recordar a obra e o mestre Jeolás estabeleço essa analogia. Jeolás era médico.
Médico: pessoalmente gosto de separar (não sei é invenção minha, mas tenho este conceito estabelecido na mente) aqueles que são médicos daqueles que são técnicos em medicina. O técnico em medicina é aquele que aprendeu sinais, sintomas, diagnósticos e tratamentos. Fazem bem seu trabalho? Sim. Exercem bem o seu papel. Todavia, na minha limitada forma de entender as coisas, ser médico é algo mais. Vai além. Envolve empatia, paixão, entender o sofrimento humano e amenizá-lo. Aquela tentativa de enxergar alma. Para ser médico há que se ouvir e atender um chamado. Ter algo a mais pra ser oferecido. Algo que não se encontra nos livros técnicos e que não se aprende nos bancos escolares. Jeolás era possuidor de tais dons e predicados.
Pintor: Jeolás era pintor. Li que suas obras representavam fases de sua vida. Acho belo o explanar sentimentos e vivências em matizes. Sou daltônico. Das cores e da vida. Faltam-me a sensibilidade e conhecimento para apreciar as artes plásticas. Possuo livros, os leio, procuro obras na internet (em especial Bouguereau) mas confesso ser incapaz de entender a profundidade das telas e tintas. Das artes, tento de forma amadora, crua e sem talento escrever algumas linhas que envio a alguns colegas, roubando seus valorosos minutos à atenção de tão pobres linhas. Perdoem-me.
Jeolás era santo? Se atentarmos à etimologia a palavra santo significa separado, consagrado. Sim, era santo. Foi escolhido e separado para causas maiores: a do ensino e a de amenizar a dor e o sofrimento humano.
Gostaria de tê-lo conhecido. Compartilharia teu tabaco, tomaríamos algumas e falaríamos sobre a vida, teu pendor político, as artes e em especial aquilo que nos une: a Gloriosa. Quem sabe um dia.
Dedico estas pobres linhas à tua memória e aos 30 anos de tua ausência.
Que jamais nos esqueçamos daqueles que dedicaram parte de suas vidas à Gloriosa.