Veremos em que dá...

Blog pessoal de Lucio Baena de Melo.

Li hoje que milhares de blogs são criados diariamente e não duram mais que 6 meses.

EIS MAIS UM FORTE CANDIDATO!

Tentarei escrever aqui alguns pensamentos, comentários sobre o dia a dia que se vive embaixo do sol...

Este foi o primeiro post e o deixarei aqui pois explica o título do blog: Um Peregrino.
Por que "Um Peregrino?"

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

UEL 5 anos

Hoje me é um dia muito especial. Há 5 anos, após alguns anos de separação, eu retornava à casa que tudo devo.

No inverno de 1991 adentrava a esta casa como um calouro da Escola de Medicina. Em 1997, com os olhos marejados e um sorriso nos lábios, dela saía com o título de médico. E com um profundo senso de gratidão! Uma alegria ao saber que uma etapa terminara. Quantas aulas, quantos plantões, quanta noite de sono perdida. Quanta renúncia por um sonho.

Também foi nestes corredores que minhas mãos e meu coração se uniram a outro coração. Caminhamos juntos, traçamos planos e hoje compomos uma família feliz onde o amor é compartilhado e amadurecido. Como não ser grato a esta instituição que tanto bem fez à minha vida? Uma instituição tão milagrosa que transforma pedras em diamantes e que forja heróis do dia a dia?

Ainda seus corredores viram meus passos nos 4 anos seguintes de residência médica. Sempre havia o aprendizado diário com os residentes, docentes, colegas, funcionários e os pacientes.

Em 2008 a ela retornei. No dia 28 de novembro fui convocado a assinar o termo de docência. Após a papelada protocolar, um gentil funcionário me cumprimentou, olhou em meus olhos e disse: "Parabéns, seja bem-vindo, PROFESSOR!" A palavra me foi um choque! PROFESSOR!. Assim era eu chamado pela primeira vez. Logo eu, professor de nada e de ninguém.

Falar das dificuldades de ser docente numa instituição estadual num país como o nosso não convém a estas linhas. Pois a finalidade delas é expressar minha gratidão.

Percebo algum conflito de gerações. Tanto da minha geração à de meus antecessores (aos quais sou imensamente grato) e da minha para com os que vêm por aí (estes dão um pouco mais de trabalho). Aprendo com todos. Sou nutrido com a experiência, conhecimento e bom senso dos mais antigos. E também com a mente afiada e impetuosidade dos mais novos.

Destes relacionamentos surgem vários desentendimentos. Aprendi, no entanto, de que esta diferença entre as gerações "é um teatrinho, um jogo de cartas marcadas no qual um dos contendores luta para vencer e o outro luta para ajudá-lo a vencer" (O. de Carvalho). Assim, meus alunos (se me permitem chamá-los assim), nossas diferenças existem para que vocês sejam melhores do que fui como aluno, do que sou como docente e melhores como jamais serei. Vençam! Sejam melhores que eu!

Com muitos de vocês aprendi valorizar o nosso curso de Medicina. Posso dizer como vocês que o "sangue laranja" percorre por minhas veias. E que meu coração pulsa mais forte quando ando pelos corredores da UEL.

Dias atrás lembrava do exato lugar onde meu mestre Faissal Muarrek por mim era visto pela derradeira vez. Lembrava do cavelheirismo do Dr. Fraga. Da caderneta infalível do Dr. Eduardo Rego. Das visitas temíveis com Dr. Lamartine. Do inesquecível Dr. Altair Mocelin. Das broncas ao instrumentar para o Dr. Palma... e tantos outros que não mais se encontram entre nós pois já entregaram o seu óbolo ao barqueiro sinistro.

Estou olhando agora para qmeu quadro de formatura e para o cartão (que quis emoldurar) que recebei ao adentrar à docência. Quantos momentos!

Amanhã cedo estarei por aí de novo, em seus surrados corredores... E que assim o seja por muitos anos... Obrigado UEL, por me fazer mais feliz.
Com meu amor,
L.